Foto: Rafael Ribeiro / CBF
Afastamento de Ednaldo Rodrigues da Presidência da CBF Abala os Bastidores do Futebol Brasileiro
O futebol brasileiro vive mais um capítulo turbulento fora das quatro linhas. Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi oficialmente afastado do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), nesta quinta-feira, 15 de maio de 2025. A medida, determinada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, tem como base supostas irregularidades na recondução de Ednaldo ao comando da entidade.
De acordo com a decisão judicial, o acordo que permitiu sua permanência no cargo, firmado em 2022 e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2024, teria vícios insanáveis. O documento, assinado pelo ex-presidente interino da CBF, Coronel Nunes, está sob suspeita de conter uma assinatura falsa. Laudos periciais indicam inconsistências, e a defesa do Ministério Público argumenta que Nunes, atualmente com 86 anos e com sérios problemas de saúde, não teria plena capacidade cognitiva à época da assinatura.
Fernando Sarney assume a presidência interinamente
Com a vacância na presidência, o TJ-RJ nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade e filho do ex-presidente José Sarney, como interventor. Ele ficará à frente da CBF até que novas eleições sejam convocadas, o que deve ocorrer nos próximos meses. A decisão da Justiça enfatiza que o processo eleitoral deve ser conduzido com agilidade, a fim de restaurar a normalidade institucional da confederação.
Sarney, que tem mantido um perfil discreto nos bastidores da CBF, terá a missão de conduzir uma transição conturbada em um momento estratégico para o futebol nacional. Entre os principais desafios estão a estabilidade administrativa, a condução da Seleção Brasileira e a negociação com patrocinadores e federações estaduais.
O futuro da Seleção Brasileira sob incerteza
O afastamento de Ednaldo Rodrigues levanta dúvidas sobre o futuro do projeto da Seleção Brasileira. Ednaldo foi o principal articulador da contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti, cuja chegada estava prevista para junho, após o fim da temporada europeia. Fontes próximas à CBF indicam que o acordo segue em vigor, mas interlocutores do estafe de Ancelotti demonstraram preocupação com a instabilidade no comando da entidade.
A Seleção masculina enfrenta uma importante janela de amistosos preparatórios e terá, no segundo semestre, compromissos relevantes nas Eliminatórias da Copa do Mundo e possivelmente a disputa da Copa América. Qualquer indefinição na gestão técnica pode comprometer o planejamento da equipe.
Crises recorrentes e instabilidade política
A atual crise é mais um episódio em uma longa série de instabilidades que marcam a história recente da CBF. Desde 2015, quando José Maria Marin foi preso na Suíça durante a operação que investigou corrupção na FIFA, a entidade tem enfrentado uma sequência de trocas e controvérsias na presidência. Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo também deixaram o cargo em meio a escândalos.
Ednaldo Rodrigues assumiu em 2022 prometendo reformas e modernização, com foco em transparência e inclusão. No entanto, seu mandato foi contestado judicialmente desde o início, especialmente após mudanças no estatuto da CBF que favoreceram sua recondução ao cargo — ponto central da atual controvérsia.
Próximos passos
O processo jurídico ainda pode ter novos desdobramentos, e Ednaldo Rodrigues já sinalizou que pretende recorrer da decisão. Por ora, a CBF entra em um período de transição, marcado por vigilância jurídica e política. Os próximos meses serão decisivos para definir a nova liderança do futebol brasileiro e, consequentemente, os rumos da modalidade mais popular do país.
A equipe editorial seguirá acompanhando o caso e atualizando esta publicação conforme surgirem novas informações.